Dieta: Eu Não Consigo Emagrecer? Resolvido
Eu Não Consigo Emagrecer? Resolvido
“Um encontro decisivo ou o homem que só gostava de carne eu primeiro contato com a obesidade ocorreu quando, ainda um jovem médico, eu praticava medicina geral em um bairro de Montparnasse e ao mesmo tempo me especializava em Garches, em um serviço de neurologia repleto de crianças paraplégicas. Nessa época, eu tinha entre meus pacientes um editor obeso, jovial, extremamente culto, que sofria de uma forte asma, com a qual eu frequentemente o ajudava. Um dia, ele veio me ver e, depois de ter se instalado confortavelmente em uma poltrona inglesa que rangia devido a seu peso, me disse:
— Doutor, sempre estive satisfeito com seus cuidados, confio em você e hoje vim vê-lo para que me faça emagrecer. Naquele tempo, tudo o que eu sabia sobre nutrição e obesidade era o que tinham me ensinado na faculdade, que se resumia a propor dietas hipocalóricas — formas de refeições em miniatura parecidas com refeições normais, mas em porções de Lilliput, que faziam os obesos — habituados a viver intensamente — rir e sair correndo desesperados diante da ideia de ter de ficar controlando porções daquilo que os faz felizes. Gaguejando, me recusei a ajudá-lo, sob o pretexto justamente utilizado, de que não conhecia as sutilezas da ciência em questão.
— De que ciência está falando? Fui a todos os especialistas de Paris, todos os exploradores da área. Já perdi, sozinho, mais de 300 quilos desde a adolescência, e ganhei tudo de volta. Devo admitir que nunca tive uma motivação profunda e, involuntariamente, minha mulher errou em continuar a me amar apesar dos meus quilos a mais. Mas hoje fico ofegante só de levantar os olhos, não encontro mais roupas que sirvam e, para você ter uma ideia, estou começando a sentir medo de morrer.
E para concluir ele adicionou a última frase, que, sozinha, desviou bruscamente o curso de minha vida profissional:
— Faça-me seguir a dieta que quiser, tire todos os alimentos que quiser, mas não a carne, gosto demais de carne. E, sem refletir, para responder a sua espera, me lembro de ter respondido, sem hesitação:
— Ora! Já que você gosta tanto de carne, venha.
Amanhã cedo, para que eu possa pesá-lo em minha balança, e durante cinco dias coma apenas carne. Mas evite as carnes gordas, porco, cordeiro e pedaços gordurosos de carne de boi. Coma tudo grelhado, beba quanta água puder e volte daqui a cinco dias, em jejum,para se pesar novamente em minha balança.
— Ok, desafio aceito.
Após cinco dias, ele voltou. Tinha perdido quase cinco quilos. Eu não acreditava no que via, nem ele. Fiquei um pouco preocupado, mas ele estava radiante, mais jovial que de costume, falando do bem-estar encontrado, do ronco que desaparecera e, com isso, varrendo todas as minhas hesitações:
— Vou continuar, estou me sentindo no auge. Esta dieta funciona e estou comendo bem. E lá se foi ele para um segundo turno de cinco dias de carnes, com a promessa de realizar análises de sangue e de urina.
Quando voltou, tinha perdido mais dois quilos e, em júbilo esfregou-me no rosto os resultados do exame de sangue, que mostrava doses perfeitamente normais de açúcar, colesterol e ácido úrico. Nesse meio-tempo, eu tinha ido à biblioteca da faculdade de medicina, onde tive o cuidado de me aprofundar nas características nutricionais das carnes, estendendo meu interesse pela grande família das proteínas, na qual as carnes têm o maior prestígio.
Assim que ele voltou, cinco dias depois, ainda em boa forma e tendo se livrado de mais um quilo e meio, pedi que adicionasse peixes e frutos do mar, o que ele aceitou de bom grado, pois já tinha comido todas as carnes possíveis.
Ao fim de vinte dias, o ponteiro mostrou os primeiros dez quilos perdidos, e ele fez um segundo exame de sangue, tão tranquilizador quanto o primeiro. Numa aposta arriscada, adicionei as últimas proteínas que restavam, lançando uma mistura de laticínios, aves e ovos, e, para acalmar minhas preocupações, pedi que intensificasse a quantidade de água e passasse a beber três litros por dia. Depois de algum tempo, ele acabou aceitando adicionar legumes, pois eu começava a temer ausência tão prolongada de outros alimentos.
Ele voltou, cinco dias mais tarde, sem ter perdido um grama sequer. Havia encontrado argumentos para exigir o retorno à sua dieta favorita e a todas as categorias de proteínas pelas quais tinha tomado gosto, apreciando o fato de não haver limitações em seu consumo. Permiti, sob a condição de que alternasse a dieta com períodos de cinco dias de consumo de proteínas associadas a legumes, alertando para o risco de carência de vitaminas, no qual ele não acreditava de forma alguma, mas que aceitou graças a uma diminuição de velocidade de seu trânsito intestinal por insuficiência de fibras.
Dessa maneira nasceu minha dieta de alternância de proteínas, assim como meu interesse pela obesidade e por todas as categorias de sobrepeso, que se tornara o eixo de meus estudos e de minha vida profissional.
Uma vez estabelecido, utilizei essa dieta pacientemente, aperfeiçoei-a incessantemente e lhe dei forma com minhas próprias mãos, para transformá-la na dieta que, atualmente, me parece ao mesmo tempo a mais adaptada à psicologia extremamente peculiar do obeso e a mais eficaz em termos de emagrecimento.
Enquanto isso, à medida que o tempo passa, constatei amargamente que as dietas de emagrecimento, tão eficazes e bem-conduzidas quanto possam ser, não resistiam ao tempo e, na falta de uma real estabilização do peso do paciente, viam seus resultados desaparecerem, em um surdo e lento desvio, na melhor das hipóteses e, na pior, em uma retomada massiva, habitualmente ligada a uma desestabilização afetiva, ao estresse, a um fracasso ou a outras contrariedades.
Para encarar com determinação essa guerra incansavelmente perdida pela grande maioria dos que emagreceram, fui levado a construir uma dieta de consolidação do peso perdido, fortaleza defensiva contra os ganhos precoces, ganhos parciais que levam ao desencorajamento e, em seguida, ao desgosto de si, ao abandono total ou ao ganho extremo de peso. Concebi esse patamar de proteção, encarregado de reintroduzir, em estratos sucessivos, os elementos de base de uma alimentação aceitável, a fim de conter a revanche violenta de um organismo desapossado de suas reservas. E, para cobrir o tempo dessa revolta e tornar essa transição aceitável, fixei uma duração precisa para a dieta, proporcional à perda de peso e fácil de calcular, de dez dias por quilo perdido. Mas, ainda assim, após a vitória na prova da consolidação, o retorno progressivo aos hábitos, com a ajuda da pressão dos metabolismos, e, sobretudo, o inevitável ressurgimento da necessidade de compensar as frustrações e preocupações mergulhando na gordura, nos doces e na abundância ainda triunfava insidiosamente sobre essa muralha defensiva. Para encontrar uma solução tive de tomar uma medida bastante difícil de se propor, uma palavra de ordem que ousa carregar o epíteto de “definitiva”: o inaceitável entrave que todos os gordos, os pletóricos, pequenos ou grandes obesos, ou as pessoas com simples sobrepeso execram e recusam a priori. O problema dessa etapa é a duração, e vai em sentido contrário à necessidade de impulsividade e ao horror pelo cerceamento. Inaceitável, exceto se tal palavra de ordem a ser seguida por toda a vida e fiadora de uma autêntica estabilidade fosse restrita a apenas um dia de uma dieta particular por semana, dia predefinido, não intermutável, não negociável em seu conteúdo, mas muito eficaz em seus resultados.
Foi assim que cheguei à terra prometida, o sucesso verdadeiro e durável construído sobre um conjunto de quatro dietas sucessivas e de intensidade decrescente, que o tempo e a experiência me levaram a ligar um ao outro, para fazer dele um caminho bem-traçado o fortificado, proibindo qualquer escape. Uma dieta de ataque curto, severo, mas eficaz, substituída por uma dieta de cruzeiro alternativa, que alterna os ataques e as pausas, sustentados por um patamar de consolidação de duração proporcional ao pes perdido. Enfim, para estabilizar definitivamente o peso duramente conquistado, uma medida conservadora, tão pontual quanto eficaz: apenas um dia por semana de redenção alimentar, que mantém o resto da semana em equilíbrio, sob a condição de ser conservado para sempre ao seu lado, algo como um cão de guarda, para o resto da vida. Obtive, enfim, meus primeiros resultados duradouros. Eu tinha não apenas um simples peixe a oferecer, mas um aprendizado sobre a pesca, um método global que permitia ao obeso se tornar autônomo, emagrecer rápido e conservar sozinho e de maneira duradoura o peso.
Eu havia passado vinte anos construindo essa bela ferramenta para um público restrito, um método de quatro dietas articuladas que, hoje, pretendo propor a um público ainda maior.
Esse método é para aqueles que tentaram tudo, que emagreceram com frequência — com frequência demais — e que procuram, antes de mais nada, a certeza de que poderão, em troca de um esforço realizável e sem falhas, porém limitado no tempo, não apenas emagrecer, mas, antes de mais nada, conservar o fruto desse esforço e viver à vontade, com o corpo que desejam e ao qual têm direito. Escrevi este livro para o uso dessas pessoas, esperando que a solução que lhes proponho se torne sua própria solução.
Mas é a todos aqueles a quem já convenci com palavras, inclusive as palavras de ordem direta, aqueles que transformaram minha vida de médico, meus pacientes de carne e osso, jovens e idosos, homens e mulheres, e especialmente ao primeiro entre eles, meu editor obeso, que dedico esta obra e este método.
Autor: Pierre Dukan “ trecho do livro Eu não consigo emagrecer”
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